domingo, 9 de maio de 2010

O DÍZIMO

                      O dízimo
Existe no cristianismo muita polêmica sobre a validade da lei que obriga a entrega do dízimo. A lei que ordena a entrega do dízimo continua em vigor após a morte de Cristo? Temos base bíblica para afirmar que hoje quem não entrega o dízimo na igreja está roubando a Deus? O dízimo continua sendo lei para os cristãos?
                     A origem do dízimo
A prática do dizimo começou quando Abraão entregou a  Melquizedeque a décima parte dos despojos dos quatro reis que levaram seu sobrinho Ló cativo. É notório lembrar que o que Abraão deu não foi de suas posses, mas do saque que ele fez. A respeito de Melquizedeque pouco se sabe a não ser que era Sacerdote do Deus Altíssimo. Existe muita especulação sobre sua pessoa. O dizimo só se tornou lei há mais de quatrocentos anos quando Moisés libertou os Hebreus do Egito e instituiu o sacerdócio levitico no deserto. “Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas, porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Num,cap.18 verso, 24.” O dizimo era dado aos levitas que cuidavam das coisas sagradas e não tinham herança nas posses das terras. “Certamente darás o dizimo de todo fruto da tua semente, que a cada ano se recolher do campo e perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali habitar o seu Nome, Deut. 14:22.” O dizimo não era dado em dinheiro, mais sim, dos produtos da agricultura e pecuária que servia para mantimento da tribo dos levitas que cuidavam do templo e também para amparar os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. Com o passar do tempo com a morte dos patriarcas e outros lideres o povo se corrompeu e a religião estava passando por uma crise muito séria. Muitos profetas se levantaram exortando o povo para uma reforma religiosa, entre eles, Malaquias.
        O dízimo e o sacerdócio levitico
    Malaquias 3:10 é o texto bíblico chave para os que sustentam que o dizimo é uma lei para o cristianismo. Nunca se deve pegar um texto isolado da bíblia para querer comprovar um determinado assunto. Devemos examinar o contexto para  comprovar o texto. Na época desse profeta a religiosidade estava corrompida. Os próprios sacerdotes tinham profanado o culto oferecendo a Deus animais cegos, coxos e doentes. Alem disso, eles faziam comercio nos arredores do templo e também acepção de pessoas. A maioria das pessoas tinha deixado de fazer seus sacrifícios e também de dar o dizimo. “Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda. Trazei todos os dízimos a casa do tesouro, para que haja mantimento em minha casa e depois fazei prova de mim diz o Senhor dos exércitos se eu não abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós tal benção, Mal, 3: 9 e 10.” Esse texto mostra claramente que o profeta estava censurando seu próprio povo que estava corrompido; principalmente os sacerdotes, eles sim, é que estavam roubando o povo. Porque os lideres religiosos não falam sobre isso? Tudo que o profeta falou nesse livro, não tem nada a ver com os cristãos de hoje, o dizimo foi instituído para o sacerdócio levitico, e que foi abolido por Cristo! Hoje somos participantes de uma nova aliança feita por Deus em Cristo Jesus na cruz do calvário.
     O dízimo no novo testamento
                   
O único capítulo do Novo Testamento que comenta explicitamente sobre a LEI do dízimo é Hebreus 7. Vale á pena ler e reler este capítulo. Vamos comentar um pouco sobre este capítulo e tentar tirar informações sobre a validade da lei do dízimo para os cristãos. Hebreus 7:1-4 recapitulam a experiência de Abraão dando o dízimo a Melquisedeque. No entanto o dízimo é apresentado como sendo LEI apenas a partir do verso cinco, agora dentro do sistema levítico. Vejamos: "E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, SEGUNDO A LEI, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que estes também tenham saído dos lombos de Abraão." (Hebreus 7:5) Que lei do dízimo é essa citada em Hebreus 7:5? É a lei de Moisés, lei que obrigava o israelita a levar os dízimos para os levitas. Segundo esta lei, conforme explicado no verso cinco, os levitas tinham o direito de tomar os dízimos do povo de Israel. Isso era lei! Lei completamente vinculada ao ministério sacerdotal dos levitas. Os versos 6-10 do mesmo capítulo falam sobre o fato de Levi, através de Abraão, seu bisavô, ter pagado o dízimo a Melquisedeque. Isso mostra a superioridade da ordem de Melquisedeque sobre a ordem levítica.
A LEI que já tinha sido citada no verso cinco é citada uma segunda vez no verso onze, novamente dentro de um contexto LEVÍTICO:"De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob este o povo recebeu a LEI), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?" - Hebreus 7:11. Um parêntese aqui: Perceba que nas várias vezes em que o capítulo menciona Abraão dando dízimo para Melquisedeque em nenhum momento é dito ou sequer sugerido que Abraão o fez por força de lei. A LEI para dizimar (biblicamente falando) só aparece no contexto LEVÍTICO. O verso 12 é o ponto de ruptura: "Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei." (Hebreus 11:12) Esta é a terceira vez que a palavra "lei" aparece neste capítulo. O verso claramente está se referindo às leis relacionadas ao sacerdócio levítico e isto obviamente inclui a lei do dízimo citada nos versos 5 e 11, lei que ordenava a entrega do dízimo aos levitas. Estas leis são mudadas no momento em que Cristo morre, ressuscita e torna-se sumo-sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.
Este é o momento de ruptura do antigo modelo. Cai o sacerdócio levítico com todas as suas leis e surge um novo modelo sacerdotal que é encabeçado por Cristo e descrito entre os versos 13-17. Quando lemos que o sistema sacerdotal levítico caiu e como consequência suas leis caíram, inclui-se aqui a lei de que este capítulo trata da lei do dízimo. O tema principal de Hebreus 7 é a supremacia do novo modelo sacerdotal. A abolição da lei que obrigava a entrega do dízimo aos levitas é apenas citada para ilustrar a falência do antigo modelo sacerdotal. A palavra dízimo é citada sete vezes nos primeiros 9 versos do capítulo. Isso mostra quão forte foi o argumento do dízimo na defesa da tese principal. Fica claro quando o modelo levítico é superado e caem por terra, às leis atreladas a ele também caem por terra. Se alguns ainda têm dúvidas sobre a anulação desta lei, basta continuar a leitura do capítulo. "Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus." - Hebreus 7:18-19.
As leis que aparecem na Bíblia ordenando a devolução do dízimo sempre estão ligadas ao sacerdócio levítico, nunca ao sacerdócio de Melquisedeque. Fora da vigência do sacerdócio levítico não há lei que ordene pagamento de dízimo. Apesar de não encontrarmos nenhuma lei obrigando a devolução do dízimo fora da vigência da ordem levítica, tem os exemplos de pessoas que dizimaram por gratidão e por força de voto, mesmo não havendo lei. Estas pessoas foram Abraão e Jacó (Gênesis capítulos 14 e 28). Para o cristão a força do exemplo dos patriarcas é maior que a força da lei levítica. Para nós o dízimo deve ser entendido como algo voluntário, não obrigatório. Se eu desejar, posso dizimar voluntariamente, movido por gratidão como fez Abraão. Posso também fazer um voto de dizimar como fez Jacó. O que eu não posso fazer é abrir a Bíblia nos mandamentos levíticos e dizer ao povo que estes mandamentos estão em vigor e que o povo tem a obrigação de dar o dízimo para a igreja e, caso não dêem, estarão roubando a Deus. Isso não dá para fazer honestamente. O sacerdócio levitico já passou; Jesus o aboliu na cruz. Sei bem que o ministério da graça é universal, a igreja precisa de recursos para anunciar o evangelho a toda criatura, mas, a contribuição deve ser feita com amor e de livre e espontânea vontade como disse o apostolo Paulo em 2 Corintios 9: 7. A contribuição para a obra do evangelho requer muito mais que 10% desde que esse dinheiro seja aplicado com honestidade e não para satisfazer a mordomia de muitos.
                                                     Conclusão
Não tenho nada contra a quem quer ser dizimista, desde que faça não como um mandamento, mas sim, como uma decisão pessoal e de livre e espontânea vontade. Se você é dizimista, continue sendo, mas, não condene e nem faça discriminação a quem não é. Os pastores batem tanto na tecla do dizimo que era uma lei cerimonial e se esquecem das outras leis. Porque não guardam o sábado que foi uma lei escrita pelo Dedo de Deus no monte Sinai? O sábado é um mandamento da lei moral de Deus que continua em vigência; Jesus não aboliu esta lei, Mat. 5: 17.   Muitos pastores só defendem o dizimo porque é um método mais eficaz de volume financeiro para garantir o seu salário. Muitos pensam que por ser dizimista é fiel a Deus e já fez tudo; puro engano!  A maioria dos dizimistas são fanáticos e supersticiosos, pois, acham que não dando o dizimo não serão abençoados por Deus. Muitos só são dizimistas porque esperam receber em troca muita prosperidade. As bênçãos de Deus são derramadas aos bons e aos maus; Deus não faz acepção de pessoas. Deus não precisa de dinheiro, Ele é o dono do ouro e da prata. Diante de tudo isso, busque ser um servo de Deus comprometido com a obra de evangelização. Contribua, com dízimos ou com ofertas, como você quiser desde que seja com amor!
                                               Autor- Luiz de Brito Cavalcante.
                                                     "O professor da vida".
                                                  luizdebrito46@hotmail.com


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